sexta-feira, 20 de abril de 2012

Rosa


Debrucei-me sobre uma roseira,
tomando às mãos um de seus botões.
Como menino atrevido, despi-lhe pétala por pétala
desfigurando sua forma,
esculpindo outra.


Pressionando entre meus dedos,
Sangrei-a.
Sangrou-me.
Desencantamos

Inebriado por seu aroma,
Contemplo seu corpo nu, despetalado

Rosa singular;
Não como a do príncipe.
Tampouco a dos sonhos.
Uma mulher com seu amante.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O vazio

Aqui, nesse espaço oco
cheio de mim, completo-me.
A alma, pesada pelo nada,
encontra-me no espelho.
Reflito-me
Cogito-me
Existo-me
Sou.

domingo, 8 de abril de 2012

O Processo


Metaforicamente
Traça
retira-me a forma,
o pragmatismo em ver.

Melancolicamente
Anula
atrofia-me as mãos,
risco de não escrever.

Metafisicamente
Mutila
desconstrói-me o corpo,
a Antropofagia dos seres


E Kafka ainda continuará a não significar nada às baratas.