domingo, 6 de maio de 2012

Id

Tanto falo em primeira pessoa,
mas do sujeito pouco me revelo.
Apenas por isso atento
ao olhar de poeta refletido no espelho.

Nele, minha face
e a mão quente que me afaga em vidro frio.
Tateio a mim, sem me tocar.
Meu outro gélido.
Baço.
Falso.

Nessa antítese que me compõe,
paradoxalmente me desfaço.
E em opacidade refletida,
reconheço tão somente o corpo.

Meu real, carne quente que aprisiona
o próprio eu.
Eu.
Cruamente, eu...