Tanto falo em primeira pessoa,
mas do sujeito pouco me revelo.
Apenas por isso atento
ao olhar de poeta refletido no espelho.
Nele, minha face
e a mão quente que me afaga em vidro frio.
Tateio a mim, sem me tocar.
Meu outro gélido.
Baço.
Falso.
Nessa antítese que me compõe,
paradoxalmente me desfaço.
E em opacidade refletida,
reconheço tão somente o corpo.
Meu real, carne quente que aprisiona
o próprio eu.
Eu.
Cruamente, eu...
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