quarta-feira, 17 de março de 2010

Instante

Boa noite, me disse em sua voz suave, sem, contudo, deixar de indicar que estava ofegoso.
Nada pude fazer senão dizer a mesma coisa: Boa noite...
Depois tomou o caminho retilíneo rumo a sua casa, deixando atrás de si apenas o calor de seus passos por aquela calçada. Eu? Eu fiquei apenas cada vez mais afastado, observando-o atravessar pela porta e, aos poucos, vendo sua figura diminuir de tamanho conforme seus passos iam sendo trocados.
Meditei por um curto espaço de tempo toda aquela situação. Dois homens a dançar. Um cigarro aceso. Um quero-quero lá fora - e toda essa imagem não sai, agora, de minha cabeça. Eu ri, zombei da vida naquele instante. Mas devo dizer que foi tão somente naquele instante. Tudo ficou um silêncio oco logo após a sua partida. Ainda consigo sentir o seu calor em minha sala e, de alguma forma, me sinto acalentado por ele. "Você bem sabe como são as relações humanas. Uma breve conversa pode salvar uma vida", acho que foi isso que me disseram uma vez. Porém hoje não foi apenas uma curta conversa. Aliás, pouco conversamos, mas dançamos e fomos felizes por esse  sutil período.
Devo dizer que a sua presença, de fato, me embriaga e o oposto muito me diz. Foi o que pude perceber essa noite. Saiba que amanhã te procurarei novamente, nos mesmos lugares: em minha casa, em bares, em minha cabeça... e, quem sabe, teremos a chance de sermos felizes de novo, ainda que de novo por um breve espaço de tempo.

0 comentários: